Durante sua participação no 8º Encontro Nacional do Laicato, o secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Daniel Seidel, convocou os cristãos leigos e leigas a participarem ativamente do próximo Plebiscito Popular por Justiça e Sustentabilidade, iniciativa articulada por organizações da sociedade civil e pastorais sociais.
Segundo Seidel, o objetivo do plebiscito é fortalecer a democracia e ampliar a consciência crítica do povo brasileiro. “O plebiscito é uma ferramenta constitucional e pedagógica. Forma novas lideranças, estimula o debate público e faz pressão por mudanças reais. É uma forma de sairmos da defensiva e propormos uma agenda de futuro”, afirmou.
A iniciativa, que terá a coleta de votos entre 1º de julho e 30 de setembro, será marcada por três perguntas centrais. As duas primeiras, de alcance nacional, tratam da redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução de salário e da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. A terceira pergunta será definida por cada estado, com foco em temas socioambientais locais.
Seidel relembrou experiências anteriores de mobilização popular, como os plebiscitos sobre a dívida externa (2000), a ALCA (2002), a reestatização da Vale (2007), o limite da propriedade da terra (2010) e a reforma política (2014). “Os sonhos não envelhecem. Essa é uma proposta que vem de baixo para cima, construída junto ao povo. Queremos superar em alcance o plebiscito da ALCA e mostrar a força da sociedade civil”, declarou.
A campanha contará com material formativo e rodas de conversa online nas próximas semanas. Entre os convidados para os encontros estão o professor César Sanson, o padre Francisco Aquino Júnior e representantes do Movimento VAT (Vida Além do Trabalho), que denunciam as condições precárias enfrentadas por trabalhadores de aplicativos, comerciários e educadores.
Seidel destacou ainda o papel das comunidades de fé na mobilização e na defesa da justiça fiscal: “A fé cristã não pode ser usada para justificar desigualdades. Pelo contrário, ela deve nos mover à ação em defesa dos mais pobres e pela construção de uma economia com rosto humano.”
A CBJP, junto a pastorais sociais, movimentos populares e entidades do campo democrático, coordena a campanha. A ideia é que cada pessoa organize uma urna simples — até mesmo uma caixa de sapatos — em sua paróquia, escola ou bairro, promovendo rodas de conversa e estimulando o voto popular.
“Vamos às escolas, aos grupos de base, aos conselhos. Vamos fazer do plebiscito um grande mutirão por justiça. Esse é um chamado à nossa missão de leigos e leigas comprometidos com o Reino”, finalizou.
Mais informações e o link de inscrição para os encontros formativos estão disponíveis nos canais da CBJP.